Friday, June 6, 2008

Exposição de fotografia (texto e fotos de minha autoria), patente no café Chá com Pinta (Av. Afonso Henriques, Coimbra), de 22 de Fevereiro a 05 de março de 2008

"Desprende-te de mim"

Desprende-te de mim, deixa-me respirar, hoje não. Quero estar sozinha e sentir o doce sabor da melancolia. Quero soltar-me e beijar o vento, dá-me uma noite sem ti.

Fartei-me desta rotina que sufoca. Estamos juntos mas já não partimos numa viagem e já nada estremece quando nos tocamos.

Prendes-me. Sinto-me enclausurada numa vida que não é a minha, que eu não escolhi. Estou a desperdiçar-me. Todas as promessas que fizemos um ao outro, caíram no esquecimento e neste momento apenas a vontade de estarmos juntos já não é suficiente.

Dói-me a alma pensar que chegámos ao fim mas acabaram-se as palavras.

E por fim sou livre. Finalmente soltei-me mas agora a tua ausência dói.

Dou por mim mergulhada no frio de quatro paredes, a questionar constantemente, porquê. Porque raio te deixei ir, porque é que me dói se as certezas eram tantas, porque é que quando fecho os olhos é a ti que vejo. Sai de dentro de mim!

Entre trastes de guitarra, encontro a tua mão e apercebo-me, tarde de mais, que tudo o que quero fazer é contigo a meu lado. Tu que me amas, que me choras, que me desiludes e, contudo, me fazes tanta falta, agora que te perdi.

Vagueio nas sombras da minha alma e revivo episódios de uma vida a dois, onde os únicos protagonistas éramos nós, onde o “nunca me deixes” foi tantas vezes dito que o gravámos no tempo, onde todos os dias partíamos numa viagem. E eu que só tirava os olhos de ti quando te beijava.

Sinto falta do nosso céu de baunilha, onde me encantavas com as tuas histórias mirabolantes. Do teu sorriso, das tuas lágrimas “escondidas”. Dos teus infinitos olhos onde tantas vezes me perdi.

Não te encontro, por mais que procure. Morremos quando te disse adeus. Crio um mundo paralelo, só nosso, onde tudo é possível, nada acaba, nada é efémero e as lágrimas não caem porque não há mais nada para chorar. Vivo num mundo onde todas as ruas vão dar a ti.

Dói voltar a uma realidade onde a única coisa que me espera é uma imensidão de nada.

Tu voaste, eu fiquei...





























Fotos e texto por: Alexandre Oliveira

1 comment:

Edy said...

Gostei bastante... esta feito com sentimento e gosto.

Go on!

Peace..